Segundo o médico referência em low-carb no Brasil, José Carlos Souto, dieta de baixo carboidrato ajuda na diminuição dos fogachos e no controle do ganho de peso e do acúmulo de gordura visceral
A menopausa é uma condição que afeta as mulheres geralmente entre os 45 e 50 anos de idade, e que sinaliza o fim do ciclo reprodutivo. Ela costuma vir acompanhada de diversos sintomas que são um verdadeiro tormento, entre os quais: calorões, os chamados fogachos; ganho de peso; acúmulo de gordura visceral (na barriga); e piora na sensibilidade à insulina, que pode acarretar diabetes e pré-diabetes. Nesse sentido, destaca o médico referência em low-carb no Brasil, autor do livro “Uma dieta além da moda – Uma abordagem científica para a perda de peso e a manutenção da saúde”, José Carlos Souto, a low-carb apresenta diversos benefícios às mulheres menopáusicas e pós-menopáusicas, justamente porque atua para mitigar diversos dos sintomas relacionados a essa fase.
Conforme Souto, uma estratégia alimentar de baixo carboidrato pode ajudar na diminuição dos fogachos, um dos mais incômodos sintomas da menopausa, devido à sua eficácia na diminuição da resistência à insulina. Isto porque, afirma o médico referência em low-carb no Brasil, já está bem documentado na literatura científica que mulheres menopáusicas e pós-menopáusicas que apresentam resistência à insulina têm mais fogachos. “Portanto, em tese, uma dieta low-carb, que melhora a resistência à insulina, pode aliviar os fogachos”, diz.
A eficácia da low-carb para a gestão de peso já é conhecida. De acordo com Souto, existem muitos ensaios clínicos randomizados mostrando que essa é uma forma de se alimentar que favorece a perda de peso em qualquer idade. “Trata-se de uma das estratégias que permite perder gordura corporal sem ter que passar fome no processo”, diz. Com relação aos benefícios causados por uma dieta de baixo carboidrato especificamente para a perda de peso em mulheres menopáusicas e pós-menopáusicas, o médico referência em low-carb no Brasil, afirma não haver estudos randomizados voltados especificamente ao tema.
Contudo, destaca Souto, há um grande estudo observacional sinalizando que a estratégia auxilia nesse sentido. Realizado com 88 mil mulheres, todas pós-menopáusicas, o estudo constatou que as participantes que seguiram uma dieta com menos carboidrato perderam peso, enquanto as que adotaram uma dieta com baixa gordura e alto carboidrato ganharam peso. “Mesmo sendo observacional, a confiabilidade desse estudo aumenta em razão dos diversos ensaios clínicos randomizados, não especificamente em pós-menopausa, que demostraram que a low-carb é uma forma de se alimentar que favorece a perda de peso”, explica.
Mulheres após a menopausa precisam de mais proteína e um aporte adequado de cálcio, afirma o médico. Dessa forma, segundo ele, uma dieta de baixo carboidrato bem formulada atende às necessidades nutricionais das mulheres nesta fase. “Isto porque, uma dieta low-carb equilibrada, que não é necessariamente a mesma das redes sociais, é não somente pobre em carboidratos, mas rica em proteínas, e admite o consumo de laticínios, como queijo, por exemplo, que é rico em cálcio”, diz.
José Carlos Souto, médico e autor do livro:
Uma Dieta Além da Moda
Mesmo com os benefícios comprovados da dieta low-carb para mitigar os efeitos da menopausa, muitas mulheres temem que a estratégia aumente o risco de osteoporose, que já está aumentado nessa fase. De acordo com Souto, esse medo encontra suas raízes em um mito que diz que dieta low-carb é ruim para a saúde óssea, porque estimula o consumo de proteína, que em excesso acidificaria o corpo e levaria à descalcificação óssea. “No entanto, diversos estudos sugerem que uma dieta mais rica em proteína não piora, e sim auxilia na melhora da densidade mineral óssea”, explica. Claro, ressalta o médico, não apenas o consumo de proteína auxilia nesse sentido, como a maior ingestão de cálcio, que, como visto, não é um problema em uma dieta low-carb.
O maior risco que mulheres menopáusicas e pós-menopáusicas correm ao adotarem uma dieta de baixo carboidrato é o mesmo que o resto das pessoas (homens ou mulheres que não estão na menopausa), conforme Souto. “Há indivíduos que são magros, fisicamente ativos, metabolicamente saudáveis, que, ao fazerem uma dieta low-carb, mais especificamente uma dieta cetogênica (mais restritiva), podem desenvolver alterações muito significativas no colesterol, que não são interessantes”, diz.
Contudo, afirma o médico referência em low-carb no Brasil, a maioria das mulheres após a menopausa não tem essas características (ser magra, fisicamente ativa e metabolicamente saudável). Ao contrário, afirma Souto: grande parte desenvolve sobrepeso, obesidade, resistência à insulina ou componentes da síndrome metabólica, como gordura no fígado, pressão alta, triglicérides elevadas, HDL baixo, glicose elevada e até mesmo diabetes e pré-diabetes. “Mesmo porque a menopausa implica mudanças hormonais que propiciam acúmulo de gordura visceral e piora da resistência à insulina”, explica.
Dessa forma, para a maioria das mulheres na menopausa e na pós-menopausa, a dieta low-carb se mostra muito vantajosa, justamente por sua eficácia em combater os efeitos nocivos que essa condição costuma causar à saúde. As mulheres menopáusicas e pós-menopáusicas que quiserem adotar uma dieta low-carb devem, grosso modo: dar preferência à comida de verdade (tudo que se encontra no açougue, na peixaria e na feira); eliminar o açúcar (não apenas o refinado, com também o açúcar de frutas, mascavo, demerara, orgânico etc.); evitar grãos (importantes fontes de amido, que costumam ser consumidos em sua forma refinada, estando presentes em boa parte dos alimentos ultraprocessados); e evitar outros alimentos ricos em amido, como arroz. O consumo liberal de proteínas, saladas e legumes é incentivado.
Sobre o autor José Carlos Souto
Nascido em Porto Alegre, é médico formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É urologista, mestre em Patologia pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e fellow em Patologia Experimental pela Universidade do Alabama, em Birmingham, EUA. Em 2011, seu especial interesse pela interface entre nutrição e saúde o levou a criar um blog sobre dietas com baixo teor de carboidratos que se tornou o maior do gênero no Brasil. Sua capacidade de comunicar temas técnicos para o público o tornou conhecido nas redes sociais. Com mais de 500 postagens nas quais se discutem ensaios clínicos e evidências, o blog já teve mais de 25 milhões de visualizações.
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