De acordo com Thiago de Melo, farmacêutico e pesquisador, o país se mostra pioneiro no combate a doença ao incorporar a Qdenga no Programa Nacional de Imunizações (PNI)
O Brasil alcançou um marco significativo na saúde pública ao se tornar o primeiro país do mundo a oferecer a vacina “Qdenga” de forma gratuita no sistema público de saúde. A iniciativa surge como uma estratégia robusta para combater a incidência da dengue no país.
A vacina, desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda Pharma, foi incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) pelo Ministério da Saúde. Inicialmente, a distribuição visa atender jovens de 10 a 14 anos em 521 cidades brasileiras com alta incidência da doença. Essa abordagem restrita reflete a disponibilidade limitada de doses, totalizando 6 milhões e 300 mil em 2024.
Paralelamente à distribuição pública, a vacina Qdenga também está disponível em clínicas privadas no Brasil, seguindo a tendência de países da União Europeia, Indonésia, Tailândia e Argentina.
Questionamentos sobre a vacina
De acordo com Thiago de Melo, farmacêutico e pesquisador na área de Ciências Farmacêuticas, professor de pós-graduação nos cursos de Ciências Farmacêuticas e Farmacologia e no curso de graduação de Medicina pela Universidade Vila Velha (UVV), os estudos clínicos mostraram que pode haver algumas reações após a injeção. “Dores e vermelhidão no local da injeção, mal-estar, fraqueza e dores de cabeça são alguns dos principais sintomas apresentados. No entanto, as reações registradas foram de gravidade leve a moderada, durando entre um e três dias”, revela.
Antes da chegada da Qdenga, a vacina Dengvaxia era a única medida farmacêutica disponível contra a dengue. No entanto, a nova solução conta com algumas vantagens quando os dois medicamentos são comparados. “Um dos primeiros pontos é o fato da Qdenga ser administrada em pessoas dos 4 aos 60 anos, enquanto a Dengvaxia é indicada para indivíduos dos 9 aos 45 anos, requer três doses e é destinada apenas a quem já teve dengue”, pontua.
Por outro lado, a Qdenga é indicada tanto para pessoas que já tiveram contato com o vírus da dengue, quanto para aquelas que nunca foram infectadas. “Esta é a primeira vacina no Brasil liberada para indivíduos que nunca estiveram em contato com a doença, ampliando ainda mais o leque de possibilidades”, declara o especialista.
Vale ressaltar que a vacina não é recomendada para pessoas alérgicas a seus componentes, aquelas com sistema imunológico comprometido, condições imunossupressoras, gestantes e lactantes. Um dado importante é que pacientes alérgicos a ovo podem ser vacinados com Qdenga.
A eficácia da Qdenga é baseada em um esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações. “Estudos indicam que o medicamento induz respostas imunológicas contra os quatro sorotipos do vírus da dengue, mas a duração exata da proteção ainda está sendo monitorada”, alerta.
Em meio a expectativas e avanços, Thiago acredita que a Qdenga representa uma importante ferramenta na luta contra a dengue. “O movimento de disponibilizar a vacina gratuitamente no SUS mostra o comprometimento do Brasil em ampliar o acesso a imunizações eficazes no combate à doença”, finaliza.
Thiago de Melo Costa Pereira é pesquisador, professor, palestrante e escritor. Ao longo de sua carreira, tem demonstrado a importância da educação continuada em farmacologia para os profissionais de saúde do Brasil. De uma forma dinâmica e aplicada ao contexto prático nacional, suas aulas de farmacologia têm sido fonte de inspiração para gerações de alunos tanto de graduação quanto de pós-graduação.
Farmacêutico desde 2002, graduado em Farmácia pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Mestre (2005), Doutor (2009) em Ciências Fisiológicas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Pós-Doutor em Farmacologia pela Universidade de Santiago de Compostela- Espanha (2018).
Atualmente é pesquisador na área de Ciências Farmacêuticas e professor de pós-graduação (Ciências Farmacêuticas e Farmacologia), graduação (Medicina) – Universidade Vila Velha (UVV).
Já publicou mais de 75 artigos em revistas científicas internacionais (fator H= 30). É pesquisador bolsista do CNPq (2A, área de farmácia) e autor do livro “Biblioquímica – Evidências das Ciências Biomédicas na Bíblia”.
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